Os governadores do PSDB formam bloco e montam estratégia política

Carlos Fehlberg

Reunião em Maceió tira conclusões e uma é que os governadores não farão oposição
Mais cedo do que se falava os governadores eleitos pelo PSDB reuniram-se em Maceió para colocar em discussão uma estratégia diante do novo governo federal. O fortalecimento do Partido e a renovação partidária também foram pontos abordados, além de uma articulação visando o apoio à reeleição do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra. Logo chama atenção que um dos desafios paralelos será conciliar essas linhas de ação com o núcleo paulista liderado por José Serra. O ex-governador paulista não afastou, por ora pelo menos, o desejo de concorrer à presidência do Partido. Daí porque a essas ações não perderam de vista a unidade tucana que passa por São Paulo, a maior base partidária.

Reunião com governadores em Maceió: PSDB se organiza cedo após a derrota

Governadores
Os oito governadores eleitos do PSDB estiveram em Maceió e debateram também proposta chamada de “refundação” partidária. Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, a idéia do senador Aécio Neves, de modernizar o partido, com a discussão de novos conceitos, começará a ser posta em prática a partir de agora e vai considerar conceitos de comunicação com o eleitor e unidade partidária nacional. Mas faz questão de falar em atualização, reforma, mudança e não refundação.
Richa e a modernização
Falando em nome dos governadores tucanos, Beto Richa disse que o partido vai iniciar um processo de modernização. “Estamos buscando uma nova imagem para o partido, com governos de visões modernas e ratificar para a sociedade a visão de que o PSDB é referência em boas gestões”.
Para Sérgio Guerra, o partido precisa avançar nas relações institucionais entre a bancada do Congresso e os governos tucanos, a fim de tornar mais nacional a imagem do PSDB. O dirigente tucano ainda afirmou que “existe um abismo entre a comunicação e os fatos de dentro do partido. Nos comunicamos mal. Vamos realizar pesquisas eleitorais e sociais; vamos organizar uma área de coordenação dessas pesquisa junto à de comunicação”.

Primeiro passo
Guerra chamou a atenção para o fato de que a reunião com os governadores foi realizada em absoluta harmonia: “Já há uma troca de experiência entre os governadores tucanos. Nós temos programas sociais em Estados governados pelo PSDB que estão sendo usados por outros governadores. Há experiências do Paraná em São Paulo, de São Paulo em Alagoas, de Minas no Paraná. A interação existe.”

O encontro
Ocorreu num hotel em Maceió e nele Geraldo Alckmin, eleito por São Paulo; Antonio Anastasia, reeleito em Minas; Beto Richa, eleito no Paraná; Marconi Perillo, por Goiás; Siqueira Campos, em Tocantins; Anchieta Júnior, em Roraima; e Simão Jatene, no Pará; trataram dos rumos políticos do partido, ao lado de Teotônio Vilela, reeleito em Alagoas e anfitrião do encontro.
Ficou entendido ainda que caberá às bancadas da Câmara e do Senado fazer oposição a Dilma. Aos governadores ficará reservada uma postura "republicana", que garantiria maior participação nos recursos e programas do governo federal: “Não se trata de adjetivar a oposição, como leve, moderada, à frente, ou para trás. A prioridade dos governadores não é fazer oposição, é fazer um bom governo. Este papel será cumprido pelos deputados e os senadores", observou Guerra.

Documento
Os governadores lançaram documento intitulado "Carta de Maceió", na qual assumem compromisso de promover mais "interação" entre os respectivos governos, lutar pela revisão do pacto federativo e tornar permanente o encontro, que passará a ser um "Fórum de governadores".
Mais cooperação e menos oposição acabou sendo o consenso da reunião dos oito governadores eleitos e reeleitos pelo PSDB, No encontro tirou-se uma posição em comum com relação ao governo da presidente eleita, Dilma Rousseff. Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, não cabe aos governadores fazer oposição ao governo federal. "Essa é uma tarefa partidária, que está mais afeita à bancada do partido na Câmara e no Senado. Mesmo assim, vamos fazer oposição de qualidade", deixou claro Sérgio Guerra.

Como foi
O encontro durou cerca de duas horas, contando com as presenças de Geraldo Alckmin, São Paulo; Antonio Anastasia, Minas; Beto Richa, Paraná; Marconi Perillo, Goiás; Siqueira Campos, Tocantins; Anchieta Júnior, Roraima; e Simão Jatene, no Pará; Teotônio Vilela, Alagoas e anfitrião. Ficou praticamente acertado que caberá às bancadas da Câmara e do Senado fazer oposição a Dilma. Aos governadores ficará reservada uma postura "republicana", que garantiria maior participação nos recursos e programas do governo federal, segundo deixou claro o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Ele observou ainda que “não se trata de adjetivar a oposição, como leve, moderada, à frente, ou para trás. A prioridade dos governadores não é fazer oposição, é fazer um bom governo. Este papel será cumprido pelos deputados e os senadores".

Carta de Maceió
No final, os governadores divulgaram documento intitulado "Carta de Maceió", na qual assumem compromisso de promover mais "interação" entre os respectivos governos, lutar pela revisão do pacto federativo e tornar permanente o encontro, que passará a ser um "Fórum de governadores". O próximo encontro dentro de três meses será realizado em Minas Gerais.
Antecedentes
O PSDB perdeu três eleições presidenciais sucessivas, duas vezes com José Serra em 2002 e 2010 e uma com Geraldo Alckmin em 2006. Três candidatos com base paulista, todos com experiências na prefeitura e governo estadual. Claro que Fernando Henrique, também com base paulista, e com o Plano Real, foi eleito e reeleito. A seqüência de três derrotas sucessivas, agora, é que preocupa o meio tucano. Daí a tese da refundação de que tanto fala Aécio Neves, envolvendo uma mudança programática e estratégica, além de ampla análise do que ocorreu no pleito visando revisar processos. Na próxima sucessão o PT ainda estará forte, com a máquina do governo e dois candidatos de expressão, Dilma Roussef se buscar uma reeleição ou a volta de Lula. E isso preocupa, desde logo os tucanos.

Caminhos.
Claro que o PSDB tentará retomar o Poder, por isso o debate proposto. Há algum tempo atrás algo semelhante ocorreu com o PMDB, então o grande partido nacional. Sua maior oportunidade de chegar ao Planalto foi perdida, mesmo numa eleição indireta, com a morte de Tancredo Neves. O vice-presidente José Sarney assumiu e procurou se identificar com o PMDB, o que ocorreu mais tarde. Ele tinha sido presidente do PDS, mas divergiu do presidente João Figueiredo e afastou-se. A maior estrutura partidária existente no país, a peemedebista, viveu momentos difíceis, apesar de sua luta pela redemocratização que deveria valorizá-lo. O maior exemplo foi a derrota de Ulysses Guimarães na primeira eleição direta após o regime militar em 1989. Depois dele Orestes Quércia em 1994, também não teve melhor sorte. Foi quando o PMDB, apesar de alguns setores descontentes e divergentes, optou por uma outra estratégia, buscando consolidar sua posição, deixando de disputar a presidência. Transformou-se numa forte base auxiliar com ambições claras. Apesar de algumas dissidências, chegou ao poder mediante alianças e hoje já conta com a vice-presidência da República. Claro que são posições, processos e momentos diferentes, mas que propiciaram ao Partido, com todas as resistências de alguns grupos, voltar ao poder.

A proposta do ex-governador Aécio Neves, agora no Senado, que se batizou de “refundação” pode estar surgindo numa hora apropriada, apesar das resistências. O próprio PT após três derrotas com o próprio Lula também alterou sua linha. A “Carta aos Brasileiros” e uma escolha estratégica do vice e do presidente do Banco Central em 2002, além de fazer alianças antes rejeitadas, demonstraram que a sucessão de derrotas tinha gerado muitas reflexões. Ou “refundação” com insiste em dizer o ex-governador mineiro. Ele na realidade prega mudanças de estratégia e aproveitamento das lições vividas. Agora parece ter chegado a vez do PSDB refletir, o que pode ter começado na reunião dos governadores.

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