Partido criado por Kassab continua recebendo adesões, mas o maior desafio está no Senado

Carlos Fehlberg


Presidente do PSD diz que tem planos para Meirelles e ganha mais adesões

O novo PSD tem as atenções voltadas para a próxima eleição municipal e depois de engrossar suas fileiras o desafio maior vai ser a anunciada isenção diante de oposição e governo, ao menos num primeiro momento. E este será na eleição municipal de 2012. Um desempenho favorável dará ao Partido cacife para voos mais altos dois anos após. No primeiro teste, o da organização partidária, a tarefa parece cumprida. Por isso o pleito do ano que vem desponta como seu novo desafio. E do seu resultado vai depender muito as etapas seguintes: os pleitos para a Presidência e Congresso. Mas até agora um dado foi possível identificar, muitos descontentes encontraram uma saída para seus projetos políticos. Agora é conferir.

Meirelles surpreende
O ex-presidente do Banco Central assumirá o capítulo econômico do programa do PSD. Meirelles também poderá auxiliar o Partido a estabelecer contatos no mercado financeiro, já que o PSD enfrentará as próximas eleições com poucos recursos do fundo partidário. Num primeiro momento, porém, Meirelles nega que a mudança de partido tenha como pano de fundo sua eventual candidatura. Meirelles desfiliou-se do PMDB de Goiás. E logo divulgou nota: “É importante ressaltar que não se trata de um projeto eleitoral, mas de contribuir no debate e na formulação de políticas para sustentar e incrementar o nosso desenvolvimento”, disse ele. O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, destacou que o ex-presidente do Banco Central ajudará a construir o programa partidário, graças à sua experiência e conhecimentos, dando “enorme contribuição na formulação das propostas e na atuação do partido em relação à economia brasileira, à política econômica e ao desenvolvimento do país”.

Números do Partido
Enquanto isso o PSD, através do secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, revela que 630 prefeitos e cerca de 6.000 vereadores se filiaram ao partido. Ele acredita que a tendência é que o número cresça até a semana que vem. "Recebi informações de vários diretórios, e os números não param de crescer." O PSD espera lançar 1.200 candidatos a prefeito e 10 mil a vereador em todo o país. E já trabalha com o lançamento de pré-candidaturas a prefeito nas capitais dos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rondônia, Goiás e Tocantins. Nas demais capitais, o apoio do partido será negociado.

E planos para Meirelles
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab admitiu também que Henrique Meirelles "está gabaritado para ser candidato à Prefeitura de São Paulo, pois se filiou ao nosso partido, o PSD". Mas observou que a candidatura à Prefeitura "não é o objetivo de Meirelles. Ele ingressou no partido e estará à disposição para qualquer missão".

Saulo Queiroz, secretário-geral do PSD: "Recebi informações de vários diretórios, e os números não param de crescer."

Números
Até o fim da semana o PSD conseguiu filiar 54 deputados federais, tornando-se a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados. O partido passou o PSDB, que tem 52 parlamentares, e está atrás do PT, que soma 86 deputados, e do PMDB, que tem 80. Com isso, o PSD deve engordar a base governista e facilitar as votações de projetos encaminhados pelo Palácio do Planalto.

O sucesso de filiações de deputados ao PSD, contudo, não se repetiu com os senadores. Isso porque a cúpula do partido não conseguiu convencer nenhum parlamentar, além de Kátia Abreu e Sérgio Petecão a mudar de legenda. Kátia Abreu não perdeu a esperança, já que os parlamentares ainda podem migrar para o PSD sem perder o mandato, pois a legislação eleitoral permite a troca de legenda até trinta dias depois que o novo partido foi criado.

Aécio na ofensiva
O senador Aécio Neves também está em ofensiva, mas voltado para 2014: “Se esta for a vontade do partido, eu estarei pronto para disputar com qualquer candidato do campo do PT, seja Lula ou Dilma. Serão eleições com perfis diferentes e eu não temo nenhuma das duas", disse ele sem deixar de observar que o debate das candidaturas deve ficar para "o amanhecer de 2013", pois "uma decisão correta no momento errado é uma decisão errada". Admite que a opção José Serra "terá de ser avaliada por seu capital eleitoral e experiência política" e cita também os governadores Geraldo Alckmin, Marconi Perillo e Beto Richa como presidenciáveis. Nesse cenário propõe eleições prévias para a escolha dos candidatos.

Serra em ação
José Serra criticou a posição do governo federal em relação à crise econômica internacional. Em palestra realizada na sede da Força Sindical no Centro da capital paulista, disse que o governo exagera ao relatar o impacto da crise no Brasil: “ Eu acho que o governo exagera no impacto da crise, para poder ter mais solidariedade interna”, disse Serra, que também criticou a postura do governo em relação aos problemas das outras economias. “Vai a presidente lá [na Europa] dar conselhos, mostrando que está por fora da situação da Europa. Imagina o sujeito chegar lá e dar palpite sobre a economia europeia. É muito difícil. A gente precisa saber melhor.”

Apesar das críticas, o ex-governador admitiu que a situação internacional e até mesmo brasileira é complicada em relação à crise. Serra falou a sindicalistas como parte de um ciclo de debates promovido pela Força Sindical. Em seu discurso, criticou enfaticamente o posicionamento econômico brasileiro, a desindustrialização e a alta taxa de juros. E voltou a negar que seja candidato à prefeitura de São Paulo.


PMDB propõe uma redução dos ministérios
Dez pastas poderiam ser excluídas ou integradas


O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, surpreendeu e defendeu ontem um corte no número de ministérios. Na sua avaliação, pelo menos dez pastas poderiam ser excluídas ou integradas. No momento são 38 ministérios e há a intenção do Palácio do Planalto de criar mais uma pasta para Micro e Pequena Empresa. Uma das fusões, segundo Raupp, poderia ocorrer entre Previdência e Trabalho: "É sempre bom enxugar um pouco os ministérios. Eu sou favorável a um enxugamento de uns 10 ministérios", sugeriu ele. Principal aliado do governo Dilma Rousseff, o PMDB tem hoje cinco ministérios: Minas e Energia, Turismo, Agricultura, Secretaria de Assuntos Estratégicos e Previdência. E desde que assumiu, Dilma trocou três ministros do PMDB, os do Turismo e Agricultura deixaram os postos depois de denúncias de irregularidades. Nelson Jobim deixou a Defesa depois declarações polêmicas.

Questionado se a presidente teria apoio político para fazer uma reforma que atingisse o número de ministérios, inclusive do PMDB, Raupp disse acreditar que essa é uma medida necessária. E faz mais observações: a saída seria reduzir o tamanho dos aliados no primeiro escalão pela metade. A base governista é composta por 14 partidos. Assim no seu entender, "quem tem quatro ministérios ficaria com dois, quem tem dois ficaria com um, quem tem um fica com zero. Eu sou a favor de um enxugamento", disse.

Novidade
O ex-governador Alberto Goldman admite uma coligação com o PSD na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2012. Ele disse em seu blog ser "absolutamente natural uma aliança do PSDB com o PSD" desde que a cabeça de chapa fique com o seu partido, "mais estruturado e o mais forte no Estado...”


PSD beneficiado
A sequência de adesões ao novo PSD mostra que havia descontentamento de alguns setores políticos nos seus partidos. A busca de saídas, via PSD, no entanto, chega a ser surpreendente e reveladora. O projeto do prefeito Gilberto Kassab permite reflexões às lideranças partidárias que vinham de disputas internas e imposição de decisões. A limitação do processo decisório no Partido e revezes eleitorais entre muitas questões, pode justificar a receptividade de um novo Partido que, em muito pouco tempo, já conta com uma representação política expressiva. Além de constituir fato merecedor de avaliações.

Saulo Queiroz sobre a candidatura de Henrique Meirelles: “Não vamos puxar o tapete. O Meirelles não pode sofrer o terceiro tropeço”.

Tarefa para Meirelles
O ex-presidente do Banco Central assumirá a área econômica do programa do PSD. Meirelles também deverá auxiliar a sigla a estabelecer contatos no mercado financeiro, já que o PSD enfrentará as próximas eleições com poucos recursos do fundo partidário. A filiação amplia o número de quadros do PSD à disposição do partido para concorrer à sucessão de Kassab na Prefeitura de São Paulo. Este é o terceiro partido de Meirelles. Eleito deputado federal em 2002 pelo PSDB para a Câmara, desligou-se antes de assumir, ao ser convidado pelo presidente Lula para presidir o Banco Central, onde ficou nos dois mandatos. O partido seguinte foi o PMDB, mas no qual teve pouco tempo para atuar.

Linha do PSD
A filiação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao PSD surpreendeu o PT paulista, mas não complicou as análises para o cenário eleitoral de 2012. Na interpretação petista, tanto Meirelles como o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif, ocupariam o mesmo "campo político", com apoio do prefeito Gilberto Kassab. Mas há dúvidas sobre qual efeito isso teria na massa dos eleitores, devido a seu perfil de "banqueiro".

“Qual é a chance do Meirelles na periferia de São Paulo? Ele não conhece esse mundo. Ele conhece o mundo da administração financeira. Não conhece bem os problemas na ponta, na vida das pessoas, critica o secretário-geral do PT, Elói Pietá, que apoia a pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, apesar de Saulo Queiroz, secretário-geral do PSD ter garantido a candidatura. Frustrado diante de projetos políticos anteriores, Henrique Meirelles, agora teria maior segurança? Estará mais tranquilo na candidatura à Prefeitura de São Paulo, se depender do que disse Saulo Queiroz: “Não vamos puxar o tapete. O Meirelles não pode sofrer o terceiro tropeço”.

E mais um
A criação do Partido Social Democrático foi seguida pela 29ª legenda brasileira, o Partido Pátria Livre (PPL), que levou quase dois anos para coletar as mais de 520 mil assinaturas exigidas pela justiça eleitoral. Foram, no total, cerca de 1,25 milhão de assinaturas coletadas em todo o Brasil desde julho de 2009 a junho de 2011, segundo o presidente do PPL-SP e secretário nacional de organização e comunicação, Miguel Manso. Na quarta-feira passada, o TSE também abriu prazo de dez dias para que o Partido Ecológico Nacional apresente as assinaturas necessárias à comprovação do apoio nacional mínimo de eleitores para a oficialização da legenda.

Futebol & política
A mudança de partidos, com prazo já encerrado, levou muitos ex-jogadores de futebol para o PMDB do Rio. Entre eles, Túlio Maravilha, atualmente no Bonsucesso, Valdir Bigode, ex-Vasco, além da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, e do presidente do Botafogo, Maurício Assumpção.


PSDB quer ganhar tempo e até seminário sobre cenário econômico já está definido
Tucanos reconhecem que lançaram tarde Serra em 2010 e também se voltam para o quadro econômico

O PSDB quer evitar o que considera ter sido um erro cometido nas eleições presidenciais de 2010 e oficializar agora seu candidato para a disputa de 2014 com maior antecedência, revelou o presidente do partido em Minas Gerais, o deputado federal Marcus Pestana. A proposta foi feita após entrevista do senador Aécio Neves, na qual ele diz ter disposição para enfrentar tanto a presidente Dilma Rousseff como o ex-presidente Lula. “Há um consenso no PSDB hoje que retardamos muito o lançamento da candidatura em 2010”, admitiu Pestana em Belo Horizonte.


José Serra, formalizou sua candidatura apenas seis meses antes do primeiro turno das eleições. “O que o Aécio está dizendo é que é mais efetivo trabalhar 2014 no segundo trimestre de 2013”, explica o deputado. Assim o PSDB quer evitar o que considera ter sido um erro cometido nas eleições de 2010 e oficializar seu candidato com mais antecedência, observa o presidente do partido em Minas, o deputado federal Marcus Pestana. Antes, porém, as atenções estarão voltadas para as eleições municipais e discussão de nova agenda política e econômica.

A economia em foco
Quanto ao cenário que o PSDB começa a trabalhar para a disputa de 2014, o dirigente tucano assinala que economistas têm apontado para uma mudança no quadro econômico nos primeiros meses de governo Dilma. E que um eventual estouro da inflação ou um esfriamento do crescimento econômico poderá virar o humor do eleitorado em relação à presidente. Pestana diz que na visão de muitos economistas e do PSDB, o governo petista falha ao não evitar o que consideram ser um processo de desindustrialização no Brasil, ao não lidar bem com a concorrência chinesa e ao abandonar fundamentos econômicos que tiveram êxito sob Fernando Henrique Cardoso e Lula.

O PSDB vê erros ainda na maneira como os juros caíram na última reunião do Copom. Os tucanos farão um seminário no Rio, em 7 de novembro, que reunirá a inteligência tucana, muitos ex-ministros de FHC, além dos ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga e Gustavo Franco e do BNDES Edmar Bacha. E o tema é a economia, com certeza.

Economia na mira
Quanto ao cenário que o PSDB começa a trabalhar para a disputa de 2014, Pestana reafirma que muitos economistas estão preocupados e que um eventual aumento da inflação ou queda do crescimento econômico poderá virar o humor do eleitorado.

Aécio quer pressa
Numa entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, na qual ele diz ter disposição para enfrentar tanto a presidente Dilma Rousseff como o ex-presidente Lula em 2014, Aécio já está se colocando oficialmente à disposição para concorrer. Antes, no entanto, diz Pestana o dirigente mineiro do PSDB, o senador tucano tem defendido junto ao partido que é preciso concentrar os esforços e as articulações para as eleições municipais do próximo ano, para a expansão do partido e na discussão de uma nova agenda política e econômica para o país. E insiste na posição de Aécio, dizendo que a mensagem que Aécio tem enviado ao partido é “confiem no meu taco, confiem no meu timing”.

Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro: “Há um consenso no PSDB hoje que retardamos muito o lançamento da candidatura em 2010”.

Opinião de Alckmin
Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin a definição do candidato do Partido para sucessão presidencial, no entanto, deve ocorrer só em 2013, após um processo de escolha interna do partido. Alckmin, que há dias elogiou Aécio, diz que o partido tem outros candidatos tão bons quanto o político mineiro, entre eles o ex-governador José Serra e os governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Paraná, Beto Richa. A escolha, porém, não deverá ser agora, segundo Alckmin: "Isso deve ocorrer a partir de 2013, mas acho que é muito bom para o País ter pessoas preparadas, com experiência, com espírito público e sérias para disputas de grande responsabilidade".

Sobre eleições municipais o governador paulista também comentou o lançamento da pré-candidatura do secretário estadual de Energia, José Aníbal, a prefeito de São Paulo e aproveitou para negar que seu pré-candidato favorito seja o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas: "Acho muito bom que o José Aníbal apresente sua candidatura. Bruno Covas também já disse que seu nome está à disposição, assim como Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli. Bruno Covas é um excelente candidato, tem as virtudes do avô (Mário Covas), mas não declarei apoio a ninguém. Essa é uma escolha que deve ser feita no ano que vem e será coletiva", disse.

DEM veta PSD
O senador José Agripino Maia, presidente nacional do DEM, revelou que já está proibido o apoio do partido às candidaturas que tiverem o PSD como cabeça de chapa. "Isso é um assunto decidido, tem apoio de 100% do partido. A votação é mera formalidade". Para Agripino, o veto será uma "manifestação clara de inexistência de afinidade. Em toda parte, o PSD agrediu o DEM. Em Goiás, São Paulo, Santa Catarina. Não é dar o troco, é uma decisão para marcar nossas diferenças".

Relator
O senador Aloysio Nunes Ferreira será o relator do projeto que cria a Comissão da Verdade. A oficialização foi feita pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício Oliveira. Ele já declarou publicamente que é favorável à investigação dos crimes contra os direitos humanos entre 1946 e 1988.

Jarbas
O senador Jarbas Vasconcelos abordou, de sua tribuna ontem, a importância do Conselho Nacional de Justiça e repudiou o "ataque" que o órgão tem sofrido. Ele atribui as recentes críticas feitas ao CNJ a membros do Poder Judiciário que resistem a aceitar um controle externo.

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