Um texto que vale apena ser lido

Guilherme Fiuza -extraido da revista época




Lupi, o injustiçado

Carlos Lupi caiu. Seja qual for a verdade dos fatos que provocaram sua queda, ele foi injustiçado.

O ministro do Trabalho construiu uma rede de promiscuidade com ONGs companheiras, envolvendo pelo menos 280 milhões de reais em convênios voadores.
Não foi demitido por isso.


Andou em avião arranjado pelo dono de uma dessas ONGs, em missão oficial.
Não foi demitido por isso.




Mentiu descaradamente à presidente da República, dizendo que nunca entrara no tal avião.
Não foi demitido por isso.

Desafiou publicamente a autoridade da presidente, afirmando que só sairia do Ministério abatido à bala.
Não foi demitido por isso.

A bala finalmente acertou-lhe a cabeça, quando a Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou expressamente a Dilma Rousseff a sua demissão, pelo conjunto da obra.
Não foi demitido por isso.

A preservação do cargo de Carlos Lupi ao longo de toda a sua temporada de achincalhe aos bons costumes foi garantida, bravamente, por Dilma e Lula – a turma do casco duro.
Todos os envolvidos na investigação da cachoeira de delitos no Trabalho – Ministério Público, imprensa, Polícia Federal, Controladoria-Geral da União, Comissão de Ética Pública – foram desautorizados pela firme decisão da presidente Dilma de prestigiar o delinquente.



Depois de tão brava resistência do governo popular contra a conspiração das elites, um passarinho vai ao ouvido do ministro dizer-lhe que ele não passa de segunda-feira.
Não é justo.


Carlos Lupi deveria botar a boca no trombone, denunciando a incoerência de seus ex-chefes, em contradição com as boas práticas do fisiologismo.

Não é possível que um ministro tão falante vá se calar logo agora. Fale, ex-ministro. O Brasil finalmente quer escutá-lo.


Bezerra e a chuva (de votos)
13:28, 13/01/2012 gmfiuzaGeral Tags: Bezerra, corrupção, dilma, Eleições, Gastos públicos
O Senado refrescou Fernando Bezerra porque a perseguição a ele é injusta.

O ministro da Integração Nacional não se afastou um milímetro daquilo que o governo popular espera de seus gestores: não desperdiçar o cargo público para fazer política partidária.

Vejam o caso do ministro da Educação, Fernando Haddad, que atingiu praticamente a perfeição. No momento em que Haddad esvazia as gavetas no ministério para sair candidato a prefeito de São Paulo, estoura o enésimo escândalo do Enem.

O mais novo erro do MEC garfou 880 pontos de um estudante de 17 anos – morador da cidade que o seu algoz quer governar.

A prova de redação da vítima levou nota zero, com a justificativa de que o texto fugiu do tema proposto. A família do aluno só conseguiu o reconhecimento do erro porque foi à Justiça.

A correção de dezenas de provas de redação está sob suspeita. Mas esses alunos não devem se preocupar: basta entrarem com um processo judicial, que o MEC reconhece que fugiu do tema e devolve a nota roubada.

Após três anos consecutivos de pegadinhas do MEC de Fernando Haddad, os candidatos do Enem aprenderam que precisam se preparar melhor. O estudante moderno já sabe que não será ninguém sem um bom advogado.

Nesse meio tempo, o ministro Haddad não fugiu do tema: fez política o tempo todo. Usou o cargo para aparecer na imprensa (com jóias como o natimorto kit gay para a educação infanto-juvenil), fez a campanha presidencial de Dilma Rousseff, tentou se popularizar defendendo livros com erros de português, pavimentou sua candidatura a prefeito.

É um formidável índice de aproveitamento do cargo público com fins privados.

Não é à toa que o ministro Aloísio Mercadante quer herdar sua cadeira no MEC. E tem currículo para isso.

À frente do Ministério de Ciência e tecnologia, Mercadante fez belos comícios na época da tragédia na região serrana do Rio. Era o que bastava, porque acidentes climáticos dessa monta levam anos para se repetir.

Só para implicar com o PT, São Pedro repetiu a dose um ano depois.

Mas o ministro não se omitiu: prometeu aos flagelados em Minas Gerais e no Rio uma “força-tarefa de geólogos”. Alívio geral.

O Brasil precisa entender que esses ministros militantes têm uma agenda cheia demais para ainda terem que bolar programas sérios de infra-estrutura.

O ministro das Cidades, por exemplo, está há meses trabalhando duro para fugir do tema das irregularidades de que é acusado e se segurar no cargo. Não se pode exigir que, além disso, ele ainda faça hora extra com políticas públicas.

Por tudo isso, a perseguição ao ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra é injusta. Ao repassar 90% das suas verbas contra enchentes para Pernambuco, ele obedeceu rigorosamente à doutrina do governo popular.

E ela é muito simples: não importa onde a chuva cai, mas onde o eleitor vota.

Os incomodados que se mudem – ou abram o guarda-chuva.

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